Leandro Tocantins trabalhou no serviço de combate à malária no interior do Amazonas e escreveu um livro de nome "O Rio Comanda a Vida", onde trata do dia-a-dia das comunidades ribeirinhas. A lição que se extrai é que para conhecer a Amazônia é necessário viver o ciclo das águas, e isso dura um ano inteiro, com vazante e cheia dos rios, lagos, igapós, igarapés, pântanos e paranás. O preceptor de Sanjaya foi aluno de Samuel Benchimol, grande estudioso da Amazônia, e quando um dia citou a obra de Leandro Tocantins, o mestre Benchimol perdeu a linha e disse que o homem era um plageador, que teria plageado obra do Mestre.
Aqui, um pedaço dessa vida à beira do Rio Solimões.
Barco de recreio subindo o Rio, como as águas estão ainda em cima, o barco trafega perto das margens, onde a correnteza é mais fraca.
Barco de Recreio subindo o Rio Solimões. Barcos de recreio são embarcações que transportam pessoas e suas bagagens, não são barcos de transporte de carga.
Canoa usada para pesca de grandes bagres, peixes do topo da cadeia alimentar, os homens lançam as redes com duas grandes boias de sustentação e deixam baixar no rio, vai tramando o que encontrar. No baixo Solimões essa pesca é feita dia e noite, o ano inteiro, sem respeitar defeso.
As canoas pertencem aos donos de flutuantes que usam refrigeração rudimentar, com gelo em escama. Eles fazem uma parceria com os pescadores, cedem as canoas, as redes e gasolina para os motores das canoas, o resultado da pescaria é dividido em quotas e uma pequena parte cabe ao pescador, que entrega o peixe sem vísceras nem cabeça. Esse peixe é repassado aos frigoríficos, que em regra exportam para o estrangeiro.
Comércio sobre as águas. Aí tem material de ferragem, remédio, alimentos etc. A casa é montada sobre toras de madeira açacur, que tem as toras flutuantes.