quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Sérgio Luiz Libutti, descanse em paz!

Encontraram hoje o corpo do Sérgio, do outro lado do Rio Negro. O Filho dele, o Sérgio Júnior, me falou agora a tarde que estava indo para o local. Não sabem o motivo da morte.
O Sérgio era engenheiro agrimensor, trabalhava com georeferenciamento e era o melhor. Sério, competente, didático, andava com uma equipe de mateiros que parecia coisa de cinema, havia índios entre eles, os camaradas conheciam a mata como ninguém, tinham um GPS na cabeça. A equipe do Sérgio fez o georeferenciamento do Mundo de Sanjaya em 2007.
Que o Deus que tinha em seu coração o receba!



quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Olha essa sacanagem!

imagem a montante da ponte
Esse igarapé fica na estrada de Bela Vista, Município de Manacapuru, e o acesso é pela AM-070, no Km 55. As pessoas o conhecem como igarapé do bueiro. Era atravessado por uma pinguela de madeira caindo de podre, mas um particular ficou indignado e construiu uma ponte de ferro. Na cheia as águas chegam até às rodas dos carros, esse cenário da foto é desses dias dias de seca intensa.
Em qualquer época as águas são limpas e há muitos peixes, já vi pirarucus de vários tamanhos subindo ou descendo o igarapé, dependendo da época.


imagem a jusante da ponte
Um camarada comprou uma terra ao lado, fez uma fábrica de tijolos e agora começou a aterrar o igarapé, por isso as águas estão barrentas. Os trabalhadores do transgressor dizem que o mesmo pretende bloquear o igarapé, e está fazendo isso. 
Esse curso d'água abastece toda uma cadeia de pequenos lagos e seu aterramento vai causar danos em sequência, na fauna e na flora.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Cachorros e abacates

No Mundo de Sanjaya há muito abacateiros, árvores velhas, ôcas – em uma delas morou por muitos anos uma família de macacos da noite, até que que um enxame de abelhas africanas os desalojou – mas todos os anos dão muitos frutos, até mais saborosos que aqueles das árvores plantadas por nós.
Abacate é fruta democrática, todo bicho gosta, mucuras, macacos, papagaios, iraras, cuandus, gente ... e cachorros.

João, Júnior e Trinca Ferro (cães SRD), passam em revista, várias vezes por dia, debaixo dos velhos abacateiros, quando as frutas estão caindo (porque ninguém é doido de subir nas árvores velhas). Quando tenho oportunidade cato alguns e divido com Sanjaya, que adora abacate, se der oportunidade come um inteiro.

JUSIAS E OS CULHÕES DE BOI


Era dia de capação, mais de oitenta novilhos entraram na faca, porque mesmo parecendo brutal, a retirada dos testículos (com faca afiada ou bisturi) ainda é menos traumática que aqueles métodos onde, por exemplo, uma fita de borracha prende os cordões espermáticos e a circulação de sangue, os testículos incham e depois murcham.
Laça o novilho já encurralado, joga no chão, amarra as patas, mete a faca na bolsa escrotal, retira as bolas, põe um larvicida para espantar moscas e solta o bicho no campo. Cada testículo de novilho pesa em média 400 gramas, ou seja, cada animal rende quase um quilo de culhões, carne muito tenra, saborosa, e com a fama de contribuir prá masculinidade dos peões.
Dá prá preparar culhões de muitas formas, algumas sofisticadas, mas a peãozada gosta mesmo é de culhão na brasa, só com sal grosso.
O Parente é um peão criado na lida do gado, o nome dele não sei, e pouca gente sabe, mas como trata todos por PARENTE, é assim chamado. Sabe de tudo, cura bicheira, faz descorna, apara casco de cavalo, põe trava nas ventas de bezerro desmamado, tira leite. Em tudo tem a companhia de um molequinho gordito, cabelinho em carapinha colado na cabeça. É o Josias, ou Jusias, como o Parente pronuncia.
- Cuida Jusias! É a palavra de ordem do Parente.
Cinco da manhã e encontro um lote de cavalos na estrada da várzea, os animais vêm a galope, é o Jusias, tocando a manada, montado em pelo (sem sela ou estribo). Ele só tem doze anos.
Uma bacia grande recebia os culhões sangrentos, cada peão ia escolhendo quantos queria, bandava cada bola, passava sal grosso, enfiava num espeto de galho de araçá e jogava em cima da grade do braseiro. O Jusias comeu pelo menos uma dúzia de culhões. Haja  disposição!