quarta-feira, 26 de março de 2014

No mundo de Sanjaya é tempo...

... de pitaya vermelha e rambutã

... de longana

longana aberta (olho de dragão)

... de tucumã

Sanjaya, tucumãs e arreto no Habib's

Fala o preceptor de Sanjaya
O tucumã é fruto de uma palmeira nativa, muito apreciado por humanos e por animais - vejam que Sanjaya espera aflito pelas lascas, no vídeo acima -, é um fruto domesticado pelos indígenas da Amazônia e ainda carece de atenção dos órgãos de pesquisa para melhoramento genético, sabor, textura, uniformidade, tamanho dos cultivares etc.
Amazônidas consomem o tucumã com pão, com farinha de mandioca, com café...com nada. Descascar tucumã é uma arte, e já virou deboche entre políticos. Numa disputa por governo entre dois hoje senadores da República, um acusou o outro de ser descascador de tucumã para um mito político da Amazônia, Amazonino Mendes. Um dia numa visita a Amazonino, passei pela cozinha e uma senhora descascava tucumãs, olhei para as frutas e cruzei o olhar com o homem, ele riu e assentiu com a cabeça.
Neste mês uma jovem senhora, num ataque de ...arreto (arreto é uma palavra que de modo chulo descreve um comportamento frívolo, extravagante), pois não encontro melhor descrição para o ato, desancou um monte de insultos aos atendentes da lanchonete Habib's em Manaus, porque não a estavam atendendo do modo que esperava. Disse que eram desatentos, desidiosos e que só serviam para COMER PEIXE E DESCASCAR TUCUMÃ, numa clara demonstração de preconceito aos hábitos alimentares dos amazônidas.
O Planeta Terra é a pátria de todos os seres, tanto que Sanjaya é um pastor de shetland, cão originário das Ilhas Shetland, no Mar do Norte, mas vive em Manaus, e ADORA tucumã. Todos são bem vindos à Amazônia, porque ninguém é daqui, em todas as épocas que homens ocuparam a região, vieram de outros lugares, em navios, caravelas, canoas, a cavalo, andando...
Mas se está morando por aqui, tirando seu sustento, sua subsistência por aqui, não magoa, não fresca, não se arreta.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Dá o pé Louro! (parte 1)


No mês de novembro as  terras firmes e várzeas altas do baixo rio Solimões estão com suas mangueiras carregadas de frutos. Manguita, manga-massa, manga comum …
Os bandos de papagaios cacau atravessam o rio em bandos, vêm dos igapós, das várzeas baixas, onde aninham nos ocos de árvores. São milhares, num alarido que começa às primeiras luzes do dia e só calam na volta aos ninhos, com os sinais da noite que chega.
Vêm com os papos carregados de pedaços de mangas e de frutos selvagens, para alimentar seus ansiosos filhotes semi-pelados. Os pais regurgitam a massa semi-digerida diretamente nos bicos dos filhotes, e os aquecem na noite.
Um dia, na ausência dos pais, os filhotes quebram a regra da sobrevivência e emitem ruídos de desavenças por espaço no ninho. O cabôco que espreita as àrvores vizualiza o oco, ancora a canoa junto à árvore e escala o tronco até chegar ao ninho. Põe, um a um, os doze filhotes dentro de um saco de pano, desce, deixando somente indícios da ninhada feliz que alí habitou: penas e titica.
Largados em um saco abafado, oito filhotes não sobrevivem até chegar ao porto casa do cabôco. Lá, a mulher e duas filhas se encarregam de cuidar dos quatro sobreviventes. São abrigados em um pequeno paneiro forrado com trapos de pano, alimentados com mingau de farinha de mandioca, banana esmagada e pirão de peixe.
Crescem e ficam emplumados, penugem externa verde, interna vermelha e amarela, olhos vivos, uma tira roxa sobre os olhos, tal qual um samurai. Um dos filhotes passa a ser alimentado apartado dos demais, recebendo banha de caparari em sua dieta, em poucas semanas suas penas externas ficam multicoloridas de verde, vermelho, amarelo e azul.
Não vivem presos, nem suas asas foram cortadas, trepam nas goiabeiras, catam milho das galinhas, entram e saem da casa livremente. Fazem muito barulho, cantam pedaços de músicas que tocam no rádio e são repetidas pelas crianças, imitam o cantar do galo, repetem o que os humanos lhes ordenam: dá o pé louro!


terça-feira, 4 de março de 2014

Cães em viagens aéreas e férias

Quem cria cachorro (como gente) conhece o drama de ausentar-se de casa por vários dias. O animal ficando só deixa de comer, podem maltratar o bicho ... desloca o animal para casa de parentes ou amigos, deixa num hotel de cachorros?. A melhor opção é levar o cão, mas depende do cão, da raça. do tamanho, do temperamento.

Se o cão for de grande porte, só viaja como bagagem, e em regra as companhias não transportam animais de focinho curto (acho que os bichos são menos toleráveis às condições de vôo e devem morrer). 

Quanto ao animal viajar junto ao dono, na cabine, a coisa ainda é confusa, há empresas que só toleram o conjunto animal mais container com um máximo de 5 kilos, outras toleram esse conjunto com até 10 kilos.

Mas a coisa não é chegando e entrando, há uma série de condições, desde vacinas com antecedência de 30 dias ao conforto do container, nas dimensões máximas de  36cm de comprimento x 33cm de largura x 25cm de altura e tenha espaço suficiente para que o animal consiga dar uma volta completa em torno de si. Paga-se uma taxa extra e deve-se comparecer ao aeroporto com umas duas horas de antecedência.

Assim, é quase sempre necessário submeter o cachorro a um regime de emagrecimento de uns trinta dias antes da viagem, pois a maioria dos cães de companhia tende a pesar mais do que deveria.

A questão não acaba na viagem (aliás, todos os cuidados devem ser observados na volta), a maioria dos hotéis não aceita bichos (salvo se você for a Rhiana, a Gizele ou o Brad Pitt), ainda, deve-se ficar bem seguro da sua reserva, de preferência não se contentando com um telefonema, mas com algo mais sólido como um email, um anúncio confirmado.

sábado, 1 de março de 2014

Lições do Mestre Sanjaya: Paciência

Rambutãs amadurecendo.

Dom Juan Matus, preceptor de Castaneda, afirmava que nosso corpo tem uma sabedoria ancestral de milhões de anos, enquanto nossa razão alcança, no máximo, algumas décadas, assim é prudente dar ouvidos às percepções do corpo, do mundo que nos rodeia, da natureza... Sanjaya é um pequeno cão de dois anos e alguns meses, mas veio com um pacote tecnológico altamente sofisticado: sabe a hora de recarregar suas baterias com um leve soninho (sempre pronto ao combate); é desconfiado com gente estranha (prudência); mas sua paciência é didática.
É a paciência que faz o animal esperar a fruta ficar madura, para melhor aproveitar seu alimento, seus açúcares; é a paciência que deixa o caçador, dias e dias a observar os caminhos da caça, montar a negaça (um engôdo) e dar o bote fatal.
É um presente de Deus conviver e aproveitar os ensinamentos de Mestre Sanjaya.