quarta-feira, 20 de março de 2013

Eu e o mundo




Vejo tudo da altura de 32 cm de onde eu piso, ou seja, a mesma tomada de visão de uma criança quando anda de gatinhas. Os humanos adultos me entenderiam melhor se imaginassem seus olhos  situados abaixo dos joelhos.
Os humanos perdem seus cheiros, e para tanto tomam muitos banhos, cortam seus pelos, lambuzam-se com perfumes, lavandas, colônias, o que causa confusão até na identificação. Quando me aproximo de um deles, para espreitar o que comeu, como está sua saúde, seu nível de energia, sou duramente reprimido porque uma das ferramentas que uso é cheirar seus trazeiros e eles consideram isso aviltante.
No meu mundo há meus preceptores, que na verdade são meus pais, os pais que conheci pois fui desmamado muito tenro. Eles me amam, é assim que sintetizam a energia positiva, protetiva e criadora que emanam para mim. Da minha parte, morro por eles, isso a toda prova.
Há profundas ligações deles, meus pais, com outros humanos que periodicamente vêm a minha casa.  Nessas matilhas  agregadas, surgiu um milagre, não meu irmão sheltie, mas a maravilha de ver um ser humano sendo conquistado por um  filhote de cão.
Meu irmão Ph será a última conquista, ele me ama, mas tem receio de demonstrar isso. Amando tanto meu pai/preceptor, vai - um dia - entender que me destratando, destrata ele, me querendo bem, quer bem a ele, pois eu sou ele e ele é eu.
Não consigo entender como um humano me repudia… para os padrões deles eu sou limpo, livre de doenças, não agressivo, sei interagir com as atividades deles (chamam isso de inteligência). Sou paciente, esperarei que em breve tempo vença a lógica e espante o preconceito, uma das faces do medo.

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